0389 - One More Cup Of Coffee - The White Stripes [1999]

Bob Dylan dispensa apresentações, mas provavelmente seu décimo sétimo álbum de estúdio não. Embora tenha atingido o nº 1 da Billboard nos EUA, e o nº 3 nos charts ingleses, Desire (1976) não é um disco de hits, em sua conceituação habitual, muito pelo contrário.

Tomei contato com o petardo lá no começo dos anos 90, época em que meu pai comprou nosso primeiro aparelho de CD player. Ele costumava chegar no começo de noite de sexta-feira de volta do trabalho sempre com uma sacola de CDs das promoções da saudosa sessão musical do Carrefour old-school, pra testarmos na então nova e revolucionária engenhoca sonora. Numa dessas noites veio Desire no meio do pacote.

Lembro que comecei a escutar despretensiosamente e a curtir aquelas longas faixas que relatavam verdadeiros "contos" musicais. Nunca fui um grande fã de Bob Dylan, mas esse álbum foi um que me chamou e prendeu a atenção, e posso cravar (dos que eu conheço até hoje) como meu trabalho favorito dele. Gosto de todas as faixas, mas minhas favoritas são Hurricane, Isis, e One More Cup of Coffee.

One More Cup Of Coffee conta a história de uma moça de uma família de ciganos e/ou andarilhos, narrada por um sujeito que lastima a falta de correspondência no relacionamento entre eles, e da digamos, independência afetiva da moça. E com o café entrando como álibi nessa "DR". Reparem como o folk arrastado da melodia e a voz sofrida (ou a falta dela) de Dylan se encaixam perfeitamente com a parte lírica. Belezura.


Em 1999, a dupla composta pelo workaholic Jack White e a baterista mais cool do início de século Meg White lançava seu ultra-indie-bluseiro e auto-intitulado álbum de estréia, The White Stripes. Entre os deliciosos petardos do setlist do trabalho, encontra-se uma versão cover produzida pela dupla da canção "dylanesca". Nem preciso comentar como o espírito "whitestripeano" se encaixou como uma luva nos acordes de One More Cup of Coffee. Sabiamente, Jack White não quis reinventar a roda do universo cover, e apenas eletrificou e deu um toque do blues mais rasteiro aos arranjos. Resultado: uma versão cover delicinha, e uma das minhas favoritas.


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Remembering, there is no life without coffee.

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