0139 - Tropicália - Tantra [1997]

Eu já disse aqui ou no meu blog, twitter... bem, todo mundo que me conhece já ouviu da minha boca ou leu das minhas linhas na internet a minha expressão costumeira: sou analfabeta em MPB. Sim, eu conheço pouco e não dou muito valor... às vezes eles me surpreendem, como no caso desta música. Não, eu não tenho ódio de MPB, eu só não tenho muita afinidade, apesar do contra ponto de ter crescido ouvindo grandes cantores/as brasileiros/as e rock, e acabei caindo de cabeça no mundo do segundo...

Tropicália, como boa professora de português - sim, na linha do tempo da Literatura Brasileira o movimento está registrado, lembram? - sei alguma coisa, conheço seus mentores e suas obras, claro que muitas vezes é superficial, mas já é alguma coisa... melhor do que colocar versos do Chico Buarque na lousa e os alunos perguntarem quem é esse tal de Chico...Eu ainda sou de uma geração mais privilegiada, vamos dizer assim...

A Tropicália foi um movimento que, pra mim, é como um resgate da primeira fase Modernista - tem tudo a ver na minha cabeça -, resgate da cultura popular, das raízes brasileiras; "quebra" da visão conservadora da época (ainda mais que estávamos no Regime Militar); movimento de vanguarda; "subversão" do bem, revolução dos costumes; mistura de ritmos brasileiros e estrangeiros; isso em se tratando da música. Afinal, se pensarmos no trabalho dos Mutantes, por exemplo, com seu rock lisérgico e apoiado em música erudita, temos tudo isso e mais um pouco! Eu nem vou falar do cinema, da poesia e do teatro... que também foram revolucionários na época...

A música Tropicália acabou batizando o nome do movimento. Lançada no segundo LP de Caetano Veloso, intitulado também de Caetano Veloso, em 1968. É uma composição dele com arranjos do maestro Júlio Medaglia (um dos organizadores do Festival da Canção da Record entre uma de suas contribuições para o movimento tropicalista se alicerçar).

Os festivais da época eram os eventos mais importantes para a música, cantores consagrados e novatos disputavam para ver quem teria sua canção como favorita do júri e do público. Talvez tenha sido um dos períodos de maior criatividade e efervescência da música brasileira, numa disputa de quem faria melhor (que diferença, hein?), talvez também pela censura imposta no período que a criatividade e o "lapidar" foram ainda mais importantes, parece que o ser humano só se dá bem sob pressão mesmo (rs).

Em 1969, Caetano juntamente com Gilberto Gil lançam o disco Tropícália ou Panis et Circensis com participação de outros nomes importantes dentro do movimento tropicalista e assim ele - o movimento - se consolida.

(assistam os trechos dos festivais no Youtube, são bem legais)

Em 1994 uma banda se forma com músicos de apoio da Legião Urbana, eles perceberam as afinidades e criaram o Tantra, banda carioca que teve seu CD de estreia (Eles Não Eram Nada - 1996) muito elogiado, concorrendo a prêmios. A primeira música Corvos Sobre O Campo, foi inspirada no quadro de Van Gogh e no filme Sonhos de Akira Kurosawa (recomendo a música e o video).

A segunda música "de trabalho" da banda foi justamente este cover. Caetano, dizem, adorou! Tanto que ele participa do clipe, como outras figuras do Tropicalismo apoiando o trabalho dos rapazes que eu, particularmente gostava muito, e aprendi a gostar e conhecer mais um pouquinho de MPB com eles. A banda segue na ativa, pena que não tenha o mesmo destaque hoje, pois a criatividade deles, é de tropicalistas.

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